O Euro que não interessa – Sim, estou a falar do ‘Euro 2012’

Sim, porque o Euro que verdadeiramente interessa é aquele que circula (pouco, eu sei) nos nossos bolsos. Mas este é agradável porque nos traz um mês de circo mediático e nacionalismo bacoco e jogadores amuados e treinadores pegados à pancada (na comunicação social, claro) e as reportagens infindáveis sobre como se festejou o golo de Ronaldo (lido com acentuação no primeiro o, o que significa que Ronaldo se tornou Rónaldo) em Vila Real, em Freixo de Espada à Cinta e em Penedono. 

Ora falemos, então, de futebol, que foi a isso que me propus.

Confesso que as minhas expectativas não eram as melhores à entrada para este Euro 2012. As razões eram simples:

  1. Esta seleção, quando comparada com as de 2000, 2004, ou 2006, parece-me estar uns furos abaixo;
  2. Os resultados nos amigáveis imediatamente antes deixaram muito a desejar (empate Moldávia, derrota clara com a Turquia);
  3. O grupo onde estávamos inseridos, commumente denominado de ‘grupo da morte’, era bastante forte, especialmente Holanda e Alemanha;
  4. As ausências de Ricardo Carvalho, Danny e Bosingwa, especialmente a deste último;

Bom, a realidade é que Portugal já realizou 4 partidas, 3 delas em nível bastante bom (Dinamarca, Holanda e República Checa), uma delas razoável (Alemanha, apesar da derrota) e parece ser uma equipa em ascensão no torneio. Jogadores como Pepe, Coentrão e Moutinho têm estado em muito bom nível, sendo que Ronaldo, nos últimos dois jogos, tem sido imperial e capaz de levar a equipa às costas com o seu brilhantismo.

Mas nem tudo merece elogios. O discurso no final do jogo com a Holanda, ao jeito de ‘o mundo está contra nós’, além de patético (acredito que 9999999 portugueses estão com a seleção) é desnecessário e causa um ruído à volta da equipa que não tem utilidade nenhuma. Mas pronto, já sabemos que com Paulo Bento podemos, de quando em vez, contar com estas dissertações conspirativas.

Em relação ao torneio, dizer que Alemanha é, no meu entender a grande candidata. E a favor de Portugal, dizer que foi contra os portugueses que os alemães sentiram, de longe, maiores dificuldades, quer ofensiva, quer defensivamente. Logo de seguida colocaria Espanha e Portugal, que no meu entender estão em patamares semelhantes.

Desilusões foram, claramente, a Holanda (esperava muito mais, mesmo) e a Rússia (que era, a meu ver, uma das candidatas ao título).

Individualmente, creio que dificilmente fugirá a Ronaldo o título oficioso de jogador mais valioso do torneio. Iniesta e Gómez são outros candidatos, mas creio que a coisa penderá para o português, que tem sido, de facto, decisivo. Desapontamento grande foram as vedetas holandesas (Van Persie, Sneijder, Robben) e Ribéry (o francês tem estado muito aquém das expectativas, mas ainda está em prova).

Termino explicando o primeiro parágrafo. Eu gosto muito de futebol e não tenho o mínimo problema em admiti-lo. Mas há que saber exactamente colocar as coisas ao seu nível. É bom ver Portugal entre as 4 melhores equipas da Europa, mas a felicidade e a vida não se joga aqui. Futebol é um excelente ópio, com a vantagem de não causar grandes efeitos secundários (na realidade, causa os que descrevi no primeiro parágrafo, mas esses aguentamos nós bem), mas, tal como o ópio, disfarça problemas e não os resolve. É, por isso, altura de pedir àqueles que tão patriotas são nestes momentos, que o sejam também na sua vida diária, e defendam o seu país nas coisas mais simples de cada dia. Se isso acontecer, pode ser que daqui a uns tempos possamos estar no top 4 de algumas outras boas coisas deste continente.

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